Consultora financeira explica sobre a nova liberação de empréstimo para quem é beneficiário do BPC
‘Nós vamos, sim, enxugar a máquina e cortar gastos públicos’, admitiu nesta última terça-feira (5), José Roberto Stopa (PV), à imprensa, pouco depois de assumir como prefeito de Cuiabá pelos próximos seis meses, em posse realizada na Câmara de Vereadores.
De acordo com Stopa, não importa quanto tempo ficará no comando da prefeitura, mas neste ínterim sua prioridade será a recuperação da malha viária da capital e sua limpeza. Além de pagar fornecedores que sofrem há meses com atrasos.
“Nós vamos enxugar a máquina. Vamos estudar e divulgar em breve, dentro de três ou quatro dias, algumas medidas onde nós vamos conter gastos, até para que a gente possa fazer o investimento necessário para as áreas que eu considero essenciais. Algumas atitudes poderão ser até amargas, mas se necessário for tomaremos”.
Stopa assumiu o comando do Palácio Alencastro após o afastamento do prefeito Emanuel Pinheiro(MDB), por suspeita de liderar uma Orcrim[Organização Criminosa], em decisão monocrática assinada pelo desembargador Luiz Ferreira da Silva.
Para o prefeito interino, reduzir os gastos é, agora, uma medida essencial para que a capital respire e consiga fazer investimentos em áreas essenciais. Ainda admitindo que ocorrerão cortes, dentre eles a redução de terceirizados e a repactuação de alguns contratos como forma de garantir que os aportes financeiros sejam otimizados.
Igualmente, não escondeu sua intenção de mudar alguns atores políticos no seu staff, inclusive, no primeiro escalão da administração municipal. Assegurando, contudo, que estas mudanças respeitarão critérios técnicos e não serão realizadas por razões pessoais. E que quer impor, neste período, ‘sua maneira de administrar Cuiabá’.
“Eu trabalho filosofia de Governo, e não pessoas. Obviamente é muito pessoal essa questão de indicação, mas todas as mudanças que forem necessárias serão feitas por critérios técnicos”.
Dentre as mudanças que serão realizadas no novo staff, dois nomes já estão definidos: Anderson Matos como diretor de Resíduos Sólidos da Empresa Cuiabana de Limpeza Urbana (Limpurb), no lugar de Júnior Leite e Ralfrides Macedo que era seu secretário adjunto na Secretaria de Obras. Tanto Anderson quanto Ralfrides têm uma longa experiência nas pastas que vão comandar e são da inteira confiança de Stopa.
O novo prefeito também assegurou à jornalistas que não conversou com Emanuel por impeditivos da decisão judicial, que proibe que os dois se contatem, inclusive, por celular. Mas que em nenhum momento o emedebista teria lhe feito pedidos.
Vale lembrar que esse é o segundo afastamento contra Emanuel, inclusive, em decisão assinada pelo mesmo desembargador Luiz Ferreira da Silva.
Pinheiro chegou a ser afastado do comando do Executivo municipal no dia 19 de outubro de 2021, no âmbito da Operação Capistrum, por supostamente usar contratações temporárias como moeda de troca política junto à Câmara. O prefeito foi alvo da operação do Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco) da Procuradoria-Geral de Justiça, que investigou atos ilícitos na Secretaria Municipal de Saúde. Ele retornou ao cargo por decisão do mesmo magistrado que reformou a decisão, ao acatar novo recurso.
O Tribunal de Justiça informou que o prefeito pode ingressar com Agravo Interno na Turma de Câmaras Criminais Reunidas do TJMT. Ele tem prazo de 15 dias para interpor recurso após ser intimado. O processo tramita em segredo de Justiça.
Outros envolvidos no esquema
O prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro não foi o único alvo da Justiça nesta última segunda-feira(4 de março). Igualmente, três ex-secretários[titulares e adjuntos] da Pasta de Saúde da capital foram denunciados dentro da ação do Ministério Público Estadual e aceita pela Corte de Justiça:Célio Rodrigues da Silva, Milton Corrêa da Costa e Gilmar de Souza Cardoso.
Todos foram inseridos no processo a pedido do MP, por meio do Naco, sob a justificativa de que fazem parte de uma organização criminosa na área da Saúde, sob o comando de Pinheiro. Os alvos tiveram medidas cautelares decretadas pelo desembargador.
Conforme a denúncia do MPE, os quatro integrariam uma organização criminosa voltada a desvios na Secretária de Saúde, sob liderança do prefeito. O afastamento do prefeito vale por 180 dias (seis meses) “ou enquanto interessar à persecução”.
As investigações revelaram ligações bastante claras com outras operações policiais, pelas “condutas similares, nas quais alguns agentes tinham atuação repetidas em investigações diferentes, entretanto, com forma de atuação e sustentação política e econômica parecidas. Como as operações Sangria, em 2018, que resultou em um prejuízo ao entorno de R$ 2 milhões aos cofres públicos. A Overpriced, em 2020 e 2021; Curare, em 2021 e 2023; Cupincha, com desvio de R$ 100 milhões; e a Operação Capistrum, com prejuízo de R$ 16,5 milhões.
O grupo criminoso teria Gilmar Cardoso como articulador operacional, enquanto Célio Rodrigues e Milton Corrêa seriam os articuladores empresariais.
Emanuel Pinheiro segue recebendo salário enquanto estiver afastado, mas está literalmente proibido de manter contato com com servidores e secretários da prefeitura, e também com os outros três alvos ou familiares deles. Ainda de ter acesso à prefeitura e seus órgãos.
Ainda deve manter endereço atualizado e comparecer a todos os atos em que for intimado na Justiça.